“Liberar esta energia requer modos especiais de apresentação cujo objetivo é estilhaçar o imaginário da ordem natural, através da qual, em nome do real, o poder exerce sua dominação. Opondo-me à magia dos rituais acadêmicos de explicação que, com sua promessa alquímica de apartar o sistema do caos, nada fazem para encrespar a plácida superfície desta ordem natural, escolhi trabalhar com uma faceta diferente da modernidade e com o primitivismo que ela invoca, a saber, transportar para a história o princípio da montagem, na medida em que aprendi tal princípio não apenas através do terror, mas através do xamanismo do Putumayo, com seu uso tão preciso, ainda que inconsciente, da magia da história e de seu poder curativo.”
TAUSSIG,Michel. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.