“O próprio Leskov considerava essa arte artesanal – a narrativa – como um ofício manual. ‘A literatura’, diz ele em uma carta, ‘não é para mim uma arte, mas um trabalho manual’. Não admira que ele tenha se sentido ligado ao trabalho manual e estranho à técnica industrial. Tolstoi, que tinha afinidades com essa atitude, alude de passagem a esse elemento central do talento narrativo de Leskov, quando diz que ele foi o primeiro a ‘apontar a insuficiência do progresso econômico… É tão estranho que Dostoievski seja tão lido… Em compensação, não compreendo porque não se lê Leskov. Ele é um escritor fiel à verdade.’ No malicioso e petulante A pulga de aço, intermediário entre a lenda e a farsa, Leskov exalta, nos ourives de Tula, o trabalho artesanal. Sua obra-prima, A pulga de aço, chega aos olhos de Pedro, o Grande e o convence de que os russos não precisam envergonhar-se dos ingleses.”