A ação do público sobre o artista nas sociedades contemporâneas: o exemplo do criador de Sherlock Holmes
“Existem, numa sociedade contemporânea, várias dessas coleções informes de pessoas, espalhadas por toda a parte, formando os vários públicos das artes. Elas aumentam e se fragmentam à medida que cresce a complexidade da estrutura social, tendo como denominador comum apenas o interesse estético. A sua ação é enorme sobre o artista. Desgostoso com a pouca ressonância dos seus romances, Thomas Hardy abandona a ficção e se dedica exclusivamente à poesia; premido pela exigência dos leitores, Conan Doyle ressuscita Sherlock Holmes – que lhe interessava secundariamente – e prolonga por mais vinte anos a série de suas aventuras; desejosos de fama e bens materiais, muitos autores modernos se ajustam às normas do romance comercial.”
Antonio Candido, “A literatura e a vida social” In: Literatura e Sociedade. São Paulo: T.A. Queiroz; Publifolha, 2000.