“AFIRMAÇÃO (cont.)
Segue-se um longo túnel: meu primeiro sim é roído pelas dúvidas, o valor amoroso é a todo instante ameaçado de depreciação: é o momento da paixão triste, a ascensão do ressentimento e da oblação. Posso sair, porém, desse túnel; posso ‘sobrelevar’, sem liquidar; o que afirmei uma primeira vez, posso novamente afirmar, sem repetir, porque então, o que afirmo, é a afirmação, não sua contingência: afirmo o primeiro encontro na sua diferença, quero sua volta, não sua repetição. Digo ao outro (antigo ou novo): Recomecemos.”
Roland Barthes. Fragmentos de um discurso amoroso. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981. p.18.