“Não somos efetivamente capazes de projetar a casa na rua de modo sistemático e coerente, a não ser quando recriamos no espaço público o mesmo ambiente caseiro e familiar. Não ocorreu entre nós, conforme também sugiro nos ensaios deste livro, uma ‘revolução’ que viesse harmonizar ou tornar hegemônico apenas um destes eixos em relação aos outros. Se isso ocorreu, conforme penso que nos ensinaram Weber e Marx, no Ocidente europeu e nos Estados Unidos, já é tempo de refletir que no caso ibérico e católico talvez houvesse o sentido de preservar de modo relacional todas essas ‘éticas’, mantendo – em consequência – muitas possibilidades de classificação e muitas avenidas de compensação social.”
Roberto DaMatta. A Casa e a Rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. p.23.