Também são atestadas vendas de mulheres de status social elevado:
“Dois reputados cavalheiros, um comprou a mulher de um fabricante de lã em Midsomer Norton, Somerset, por seis guinéus em 1766; não é mencionado nenhum ritual público, a venda foi por contrato particular ,e, pelas declarações da esposa, ela não foi consultada. (…) No outro caso, em Plymouth em 1822, o cavalheiro era o marido e o vendedor da esposa (…). Ainda outro caso, em Smithfield em 1815, chamou atenção precisamente por causa da riqueza e status das partes envolvidas: o marido era invernador de gado, o comprador um ‘famoso negociante de cavalos’, o preço da compra era elevado (cinquenta guinéus e ‘um cavalo valioso que servia de montaria ao comprador’), e a ‘dama (o objeto da venda), jovem, bela e elegantemente vestida, foi levada ao mercado numa carruagem, e exposta aos olhos do comprador com uma corda de seda ao redor dos ombros, que estavam cobertos por um rico véu de renda branca’. Observou-se na imprensa em tom de reprovação que ‘até então só víamos aqueles que pertencem às classes mais baixas da sociedade degradando-se desse jeito.”
E.P. THOMPSON. “A venda de esposas” In: Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.