“Predecessor experimentado desses devoradores de selva, serei eu o único a não ter conservado nas minhas mãos senão cinzas? Será a minha voz testemunho do fracasso da evasão? À imagem e semelhança do índio do mito, fui até tão longe quanto mo permitia a Terra; e quando cheguei ao fim do mundo interroguei os seres e as coisas para encontrar uma decepção igual à dele: ‘Lá ficou lavado em lágrimas; orando em gemendo. E no entanto não ouviu nenhum ruído misterioso; nem sequer foi adormecido para ser transportado durante o sono ao templo dos animais mágicos. Para ele não podiam subsistir dúvidas de espécie alguma: nenhum poder, oriundo de ninguém, lhe caberia em sorte…”
Claude Lévi-Strauss. Tristes Trópicos. Lisboa: Edições 70, 1981. p.36.