“‘Homem de ciência, é só de ciência, nada o consterna fora da ciência’ (1882/1989:26), dizia Machado de Assis por meio de sua famosa personagem, Simão Bacamarte, médico alienista que asilou uma cidade inteira (1882/1989:26). Formalizando disputas, ou mesmo criticando, pelo sarcasmo, percepções comuns, o literato compunha, servindo-se de Bacamarte, um perfil próprio e local. Na verdade, resumia uma tendência da época que via na ciência não apenas uma profissão, mas uma espécie de sacerdócio; que valorizou a moda intelectual em detrimento da produção.”
Lilia Schwarcz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.