“De sorte que sobre esse ponto, entre Nietzche, Max Weber (o poder de Estado como monopólio do uso legítimo da violência) ou a Etnologia contemporânea, o parentesco é mais próximo do que parece e as linguagens pouco se diferem a partir de um mesmo fundo: a verdade e o ser do poder consistem na violência e não se pode pensar o poder sem o seu predicado, a violência. Talvez seja efetivamente assim, caso em que a Etnologia não é culpada de aceitar sem discussão o que o Ocidente pensa desde sempre. Mas é necessário assegurar-se disso e verificar no próprio terreno – o das sociedades arcaicas – se, quando não há coerção ou violência, não se pode falar de poder.”
CLASTRES,Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. 2.ed. p. 10.