“Dito isto, há dissonância aguda entre a elevação de propósitos – algo incômoda – do ensaio sobre o ‘Instinto de nacionalidade’ e o clima desabusado que dá nervo às Memórias póstumas. Ao transpor para o estilo as relações sociais que observava, ou seja, ao interiorizar o país e o tempo, Machado compunha uma expressão da sociedade real, sociedade horrendamente dividida, em situação muito particular, em parte inconfessável, nos antípodas da pátria romântica. O ‘homem do seu tempo e do seu país’ deixava de ser um ideal e fazia figura de problema.”
SCHWARZ,Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades; Editora 32, 2000. p. 11.