“A Legião da Decência pode não gostar da palavra merda, e talvez você também não goste muito, mas algumas vezes não dá para fugir dela – nunca uma criança correu para a mãe para dizer que a irmãzinha defecou na banheira. Talvez ela dissesse fez cocô, mas cagou é, lamento dizer, a fala mais provável (crianças pequenas ouvem de tudo mesmo).
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Se você trocar ‘merda’ por ‘droga’ por se preocupar com a Legião da Decência, estará rompendo o contrato tácito que existe entre o escritor e o leitor – a promessa de dizer a verdade sobre as ações e falas das pessoas por meio de uma história ficcional.
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O objetivo é deixar cada personagem falar livremente, sem preocupação com o que a Legião da Decência do Círculo de Leitura das Senhoras Cristãs aprovaria. Agir de outra forma seria covarde e desonesto.”
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