“De vez em quando uma pessoa a ultrapassa e volta até nós para dar seu depoimento, conforme fez Timerman, que se tornou vítima da ditadura militar que ele inicialmente apoiava e então criticou através de seu jornal La Opinión, lutando com as palavras, em meio e contra o silêncio instituído pelos árbitros do discurso, que impuseram uma nova realidade nas celas onde torturador e torturado se reuniram. E, ao voltar de lá, escreveu: ‘Nós, vítimas e vitimizadores, somos parte da mesma humanidade, colegas no mesmo empenho em provar a existência de ideologias, sentimentos, feitos heróicos, religiões, obsessões. E o resto da humanidade, a grande maioria, no que ela está engajada?'”
TAUSSIG,Michel. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. p.26.