“A homónoia, a concórdia, é uma ‘harmonia’ obtida por proporções tão exatas que Sólon lhes dá uma forma quase numérica: as quatro classes nas quais são divididos os cidadãos e que correspondem a uma gradação honorífica são baseadas em medidas de produtos agrícolas: quinhentas medidas para a mais alta classe, trezentas para os hippeis, duzentas para os zeugitas. O acordo das diversas partes da cidade tornou-se possível graças à ação dos mediadores, – as classes intermediárias -, que não queriam ver nenhum dos extremos apoderar-se da arché. O nomóteta e a lei que ele promulga são em si a expressão dessa vontade mediana, dessa ‘média proporcional’ que dará à cidade seu ponto de equilíbrio.”
Jean-Pierre Vernant, As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1977.