PRIMAVERA

O Sol e a Lua dividem o céu,

Flores perfumadas nos ossos de madeira da pereira:

A terra desperta com um suspiro.

O andarilho regozija-se sozinho no caminho.

 

É o tempo do equinócio, quando dia e noite são iguais por um breve momento. Esse dia assinala o início da primavera, o aumento da luz e o retorno da vida à terra congelada.

Naturalmente, esse dia representa apenas um instante no tempo. Faz tempo que a primavera vem retornando, e sabemos que o verão logo virá. O ciclo das estações continuará sua sucessão. Não existe uma verdadeira parada no tempo, pois tudo é um contínuo. A natureza faz seus próprios acordos, como um mero resultado exterior de seu movimento; somos nós que enxergamos estrutura e damos nomes ao padrão.

Mas quem pode regatear prazeres temporários a um viajante solitário? Vamos sair e aproveitar o dia, alegrarmo-nos com a vinda da primavera, com o aquecimento da terra. Pois, embora o chão possa estar coberto de gelo, há movimento e crescimento em toda a nossa volta. A beleza desnuda farta nossos olhos e nos embriaga. Enquanto vagamos por montanhas e rios intermináveis, enchendo nossos pulmões com o hálito das florestas, confortemo-nos por fazermos parte da natureza. Pois a vida tem desgraça e infelicidade suficientes. A filosofia lembra-nos o suficiente da transitoriedade da vida. Dê-nos o encanto do efêmero e que ele silencie todos os que fariam objeções.