/TAO – MEDITAÇÕES DIÁRIAS 133 – Tanoeiro

TAO – MEDITAÇÕES DIÁRIAS 133 – Tanoeiro

TANOEIRO

O tanoeiro aplaina as aduelas em ângulos precisos.

Suas aparas brilham no Sol da tarde.

Ele junta a madeira perfumada,

Encaixa os cantos como na construção de um arco.

Até as faixas, ainda não há barril.

 

Não há barril até que o tanoeiro o construa. Até então, existem pedaços de madeira reta, aparas, um fundo redondo e faixas de metal, mas nenhum barril. Todas as partes estão lá, mas precisam ser compostas para adquirir forma. O mesmo acontece com as facetas da nossa personalidade. Até serem firmemente reunidas em uma unidade, não há plenitude, e a utilidade está longe.

A prática espiritual pode ser a ordem externa de que a personalidade necessita. Embora tal ordem possa ser de início restritiva, até artificial, talvez, na sua arbitrariedade, ela é absolutamente necessária. É um meio para atingir um fim. Talvez, no fim, não precisemos de tal estrutura, mas tampouco chegaremos ao fim sem o meio. Antes de abandonarmos a imagem do barril, há mais uma observação a ser feita. Um barril encerra apenas uma coisa: o vazio. Isso também acontece conosco. Todos os fragmentos de nossa personalidade, não importa quão perfeitamente formados, encerram apenas o que está dentro de nós. Toda prática espiritual, apesar de poder nos unificar em um todo coeso, aponta para o vazio do centro. Esse vazio não é niilismo, mas uma possibilidade aberta para que Tao entre. Unicamente com esse espaço teremos paz.