BOM RETIRO
agora serei leve
ganharei o ar
e o ruído
a fissura
destas paredes novas
distrai o vazio
destas mobílias todas
estranhas
e acordar dentro delas –
a solidão
destoa
de toda a proposta
da sorte, do peixe chinês
inquieto, pendurado na varanda
um teto todo meu e no banco
um fantasma
na fronha
mas às vezes
por dentro acontece de ser
dia, como é lá fora
e brilha
entre os cacos de espelho na calçada
uma vontade de existir e voltar
à rua e ver
velhinhos coreanos
lambendo uma casquinha de baunilha
eles só ficam ali
calados
e entre uma lambida e outra
o dia passa
sem você
por aqui