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POEMA DE HOJE – Pneumotórax – Manuel Bandeira

POEMA DE HOJE

A história é linda.

Depois de ver toda a sua família morrer de tuberculose, aos 18 anos o jovem Manuel Bandeira contrai a doença e recebe praticamente uma sentença de morte.

Vai para Petrópolis tentar uma impossível recuperação, mas os médicos não lhe dão esperanças.

Dribla a morte, os médicos, a lei das probabilidades e vive até os 80 anos.

Talvez os deuses gostem de quem sabe zombar de si próprio, encarando a própria morte com bom humor:

PNEUMOTÓRAX (Manuel Bandeira, Seleta em prosa e verso).

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

– Diga trinta e três.

– Trinta e três… trinta e três… trinta e três…

– Respire
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– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado

– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.