INUTILIDADE
Uma velha árvore retorcida:
Fibrosa demais para a serra do lenhador,
Torcida demais para o esquadro do carpinteiro,
Sobrevive a toda a floresta.
Os lenhadores deliciam-se com a madeira de veios retos, forte, perfumada. Se a madeira for muito difícil de cortar, muito retorcida para ser endireitada, muito malcheirosa para ser usada em armários e muito esponjosa para ser usada como lenha, ela é poupada. As árvores úteis são derrubadas, as inúteis sobrevivem.
O mesmo vale para as pessoas. Os fortes são recrutados. Os belos são explorados. Os que não têm atrativos suficientes para serem notados são os que sobrevivem. São deixados em paz e segurança.
Mas se nós estivermos entre as tais pessoas sem atrativos? Embora os outros possam nos negligenciar, não devemos pensar em nós mesmos como destituídos de valor. Não devemos aceitar o julgamento dos outros como medida do nosso valor. Em vez disso, devemos viver nossas vidas com simplicidade. Com certeza, teremos falhas, mas devemos inventariá-las segundo nosso julgamento e, então, usá-las como medida de auto-aperfeiçoamento. Como não precisamos gastar energia assumindo uma postura arrogante nem mantendo uma posição, estamos, na verdade, livres para cultivar os melhores aspectos de nossas personalidades. Assim, ser considerado inútil não é razão para desesperança, mas uma oportunidade. É a chance de viver sem interferência e expressar a própria individualidade.