ACÚMULO

Uma abertura no mar tempestuoso,

Ouro depositado sobre ossos.

Quando o acúmulo começar,

Tome cuidado para não interferir.

Há uma fábula sobre um homem pio, cujo pai acabara de morrer. Um geomante instruiu o filho a enterrar o pai na entrada de uma caverna marinha. O mar abria-se nesse ponto apenas uma vez a cada cem anos, e a família que a utilizasse experimentaria grande fortuna. Apesar de ter dúvidas quanto a esse local pouco ortodoxo, o filho atirou o caixão às águas no momento indicado.

Durante semanas, o filho teve dúvidas sobre o que fizera. Por fim, foi a um geomante rival que, por ciúme, aconselhou-o a erguer o caixão. O filho assim o fez. Quando o caixão foi retirado e aberto, o homem viu que uma fina camada de ouro puro se depositara sobre os ossos do pai – uma clara indicação da transformação auspiciosa que tivera início. Arrependido, o filho quis devolver o pai novamente à caverna, mas era tarde demais. Não havia como remediar o que fora feito.

A prática espiritual deve ser ininterrupta. Podemos ficar ansiosos ao vermos pouca coisa acontecendo diariamente, mas devemos ser pacientes até que possamos perceber o resultado do acúmulo de nossos esforços. O cultivo de si mesmo significa progresso constante e gradual. Parar prematuramente seria mais desastroso do que nunca ter começado.