INTERPRETAÇÃO
O sábio de palavras ambíguas você chama de grande.
Os que defendem a disciplina você evita.
Com um, você trata as palavras como deseja.
Com outro, se ressente de não encontrar mercê.
É triste precisarmos das palavras dos sábios. Embora elas sejam essenciais para iniciar um caminho espiritual, podem causar problemas porque precisam ser interpretadas para serem compreendidas. Como as palavras são imperfeitas, cada geração se reescreve.
As pessoas amam a ambiguidade, especialmente no que se refere à religião. Elas podem interpretar as coisas da maneira que quiserem. Se não gostam da forma dada a um ensinamento particular, inventam maneiras de contorná-la, e é por isso que existem tantas autoridades, escolas e seitas.
Não é por acaso que a maioria dos sábios venerados estão mortos. Não estão por perto para corrigir nossas ideias desorientadas, mudar seus ensinamentos ou mesmo cometer erros que possam mitigar nossa reverência. Cristo, Maomé, Buda, Lao Tsé – quantos de nós somos realmente devotados à sabedoria que eles incorporam? Ou fizemos deles meras telas sobre as quais projetamos nossas próprias ideias?
É importante passar algum tempo com um professor vivo, alguém que possa corrigir erros e nos disciplinar. Mas o objeto de tal estudo não deve ser a criação de uma nova ortodoxia. Antes, a meta deve ser chegar a um estado de independência. Todos os ensinamentos são meras referências. A verdadeira experiência é viver a própria vida. Então, mesmo as mais sagradas palavras serão apenas palavras.