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GIDDENS – O capitalismo e suas características

Definição de capitalismo

(…) devemos ver capitalismo e industrialismo como ‘feixes organizacionais’ ou dimensões diferentes envolvidos nas instituições da modernidade. (…)

O capitalismo é um sistema de produção de mercadorias centrado sobre a relação entre a propriedade privada do capital e o trabalho assalariado sem posse de propriedade formando o eixo principal de um sistema de classes. O empreendimento capitalista depende da produção para mercados competitivos, os preços sendo sinais para investidores, produtores e consumidores.”

Características das sociedades capitalistas

“Podemos reconhecer as sociedades capitalistas como um subtipo específico das sociedades modernas em geral. Uma sociedade capitalista é um sistema que conta com diversas características institucionais específicas.

Em primeiro lugar, sua ordem econômica envolve as características acima observadas. A natureza fortemente competitiva e expansionista do empreendimento capitalista implica que a inovação tecnológica tende a ser constante e difusa.

Em segundo lugar, a economia é razoavelmente distinta, ou ‘insulada’ da outras arenas sociais, em particular das instituições políticas. Dadas as altas taxas de inovação na esfera econômica, os relacionamentos econômicos têm considerável influência sobre outras instituições.

Em terceiro lugar, a insulação do estado e da economia (que pode assumir muitas formas diversas) se fundamenta sobre a preeminência da propriedade privada (propriedade privada aqui não se refere necessariamente a empreendimento individual, mas à posse privada difundida de investimentos). A posse de capital está completamente ligada ao fenômeno da ‘despossessão de propriedade’ – a transformação do trabalho assalariado em mercadoria – no sistema de classes.

Em quarto lugar, a autonomia do estado é condicionada, embora não determinada num sentido forte, pela sua dependência da acumulação do capital, sobre a qual seu controle está longe de ser completo.”

GIDDENS,Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: UNESP, 1991. pp.61-62