/SOCIOLOGIA AOS PEDACINHOS – Bauman e as consequências da globalização – III O “fim da geografia” e o esvaziamento da comunidade seguintes

SOCIOLOGIA AOS PEDACINHOS – Bauman e as consequências da globalização – III O “fim da geografia” e o esvaziamento da comunidade seguintes

III – O “FIM DA GEOGRAFIA” E O ESVAZIAMENTO DA COMUNIDADE (BAUMAN,1999:16) Paul Virilio nega o “fim da história” mas afirma o “fim da geografia”, pois “As distâncias já não importam, ao passo que a noção de uma fronteira geográfica é cada vez mais difícil de sustentar no ‘mundo real’. Parece claro de repente que as divisões dos continentes e do globo como um todo foram função das distâncias, outrora impositivamente reais devido aos transportes primitivos e às dificuldades de viagem.” As elites sempre tenderam ao cosmopolitismo, desprezando (p.19)as “fronteiras que confinavam as classes inferiores”, agora, entretanto, a situação chegou a um extremo: “Bill Clinton, o portavoz da mais poderosa elite do mundo atual, pôde declarar recentemente que pela primeira vez não há diferença entre a política doméstica e a política externa. (…) Com o tempo de comunicação implodindo e encolhendo para a insignificância do instante, o espaço e os delimitadores do espaço deixam de importar, pelo menos para aqueles cujas ações podem se mover na velocidade da mensagem eletrônica.” (p.22) Como agora a comunicação no interior das comunidades, marcada por sua quase instantaneidade e pelo contato pessoal, não leva mais vantagem sobre a comunicação entre comunidades, a comunidade torna-se frágil e de curta duração.

(p.23) Presumivelmente, o mais seminal dos últimos desenvolvimentos é a redução das diferenças entre os custos de transmissão de informação em escala local e global (onde quer que se envie uma mensagem pela Internet, paga-se a tarifa de uma ‘chamada local’, circunstância tão importante cultural como economicamente); isso, por sua vez, significa que a informação que eventualmente chega e pede atenção, acesso e permanência (por mais breve que seja) na memória tende a provir dos locais mais variados e mutuamente autônomos, assim provavelmente devendo passar mensagens mutuamente incompatíveis ou canceladoras – em aguda contradição com as mensagens que fluem dentro de comunidades desprovidas de hardware e software e que se apóiam exclusivamente no wetware; isto é, com as mensagens que tendiam a reiterar-se e reforçar-se umas às outras e ajudar o processo de memorização (seletiva).”

Bibliografia:

BAUMAN,Zygmunt [1999] Globalização: as consequências econômicas.Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor.Capítulo 1: “Tempo e Classe”, pp.13-33.