/POEMA DE HOJE – RUÍNAS – Florbela Espanca (1894-1930)

POEMA DE HOJE – RUÍNAS – Florbela Espanca (1894-1930)

POEMA DE HOJE
RUÍNAS, Florbela Espanca (1894-1930)
Florbela Espanca fez muito em apenas 36 anos. Em Portugal, no início do século XX, foi uma das primeiras mulheres a frequentar o curso secundário. Foi poeta, tradutora, contista, professora de português e colaborou com inúmeros jornais e revistas. Não foi feliz na vida pessoal e amorosa. Filha bastarda, só foi reconhecida oficialmente por seu pai dezoito anos após sua morte. Casou três vezes e por três vezes também tentou se suicidar, o que por fim conseguiu.
RUÍNAS
Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair…
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!
E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!
Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!
Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!… Deixa-os tombar… Deixa-os tombar.
Florbela Espanca, in “Livro de Sóror Saudade”