/ROSIANA 014 – Por todo o livro há pistas para descobrir o sexo de Diadorim – MC Proença

ROSIANA 014 – Por todo o livro há pistas para descobrir o sexo de Diadorim – MC Proença

“Espalham-se por todo o livro as deixas para que se descubra o sexo de Diadorim” (26)

[i] traços físicos como mãos muito brancas, braços bem feitos, cintura fina, passo curto, pestanas compridas, boca bem feita, nariz fino e por aí vai… (26)

[ii]  Diadorim usa uma tesoura de prata e navalha, que guarda em capanga decorada; ele corta os cabelos de Riobaldo; (27)

[iii] Diadorim faz segredo do próprio corpo se banhando de madrugada sozinho, desaparece de forma inexplicável, nunca tira o jaleco… (27)

[iv] tem um pudor feminino, pedindo a Riobaldo que faça suas necessidades longe dele (27)

[v] apesar de ser o guerreiro mais valente, com coragem que nunca vacila, tem reações bastante femininas: chora na chegada de Joca Ramiro, alegre com a vitória praticamente dança e se abraça impulsivamente com Riobaldo quando do julgamento de Zé Bebelo; quando morre o pai desmaia, soluça e tem quase um uivo de dor, fugindo para chorar escondido, deitado na relva; “Na Guararavacã, agrada as crianças” (27) E é ele que lava a roupa dos dois. Fica deslumbrado com uma pedra preciosa (Arassuaí) e no meio dos jagunços é o ‘pé de salão’; quando sozinho gostava de cantarolar mas não fazia isto na frente dos outros, para não se trair pela voz (28)

[vi] Às vezes quase se revela diretamente, como quando tem tanto ciúme de Otacília que ameaça apunhalar Riobaldo ou quando diz a este que depois da vingança irá lhe contar um segredo. (28)

[vii] Há a sua reação ambígua diante do amor de Riobaldo, nunca deixando transparecer o que pensava ou sentia (28-9)

[viii] E há deixas, indiretas como o sonho em que Diadorim passa em baixo de um arco-íris ou quando Diadorim chama entusiasmado uma flor de cavalheiro da sala mas é corrigido por Alaripe, que diz que na sua terra o nome dela é dona-joana (29)

[ix] E diretas: “Ao narrar o encontro de Diadorim e Otacília, de recíproca hostilidade instintiva, o autor revela tudo, para seu próprio divertimento; quem até agora não descobriu, não o fará mais, até que a morte conte o grande segredo.” (29)

Bibliografia:

PROENÇA, Manuel Cavalcanti. (1958) Trilhas no Grande sertão. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional.