/ROSIANA 021 – O plano mítico – O mar

ROSIANA 021 – O plano mítico – O mar

Mar

“A raridade com que se entremostra nas seiscentas páginas de Grande Sertão: Veredas, valoriza a presença do mar, como símbolo cujo sentido não se revela claramente, mas que roça com um largo sopro de poesia trechos de grande intensidade emocional.” (65)

“o mar nele [GSV] aparece como o grande desconhecido, mistério que se associa à morte, à eternidade, ao fim de tudo, quando a vida desagua no infinito.” (65)

Apegando-se à santa de sua infância, Nossa Senhora da Abadia, com medo de que o diabo venha lhe cobrar o pacto: ‘Só Ela me vale, mas vale por um mar sem fim.’  “Nesse trecho, o mar se confunde com a própria misericórdia divina, em que se dissolverão todos os pecados do jagunço, enfim apaziguado.” (66)

“Mar e morte. Imagens paralelas desde o primeiro combate no bando dos ramiros.” (68)

“Finalmente, reforçando a analogia mar-mistério, a imagem volta no Paredão. Diadorim morreu, Riobaldo abandona o cangaço. Doente, desesperado, sem rumo, a vida para ele não tem mais sentido. E querendo resumir toda essa amargura, o barranqueiro diz, apenas:
– ‘Chapadão. Morreu o mar, que foi.’ (68)

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(Continua, se os deuses forem bons 🙂 )

Bibliografia:

PROENÇA, Manuel Cavalcanti. (1958) Trilhas no Grande sertão. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional.