/ROSIANA 022 – O estilo barroco de Grande sertão: veredas segundo MC Proença

ROSIANA 022 – O estilo barroco de Grande sertão: veredas segundo MC Proença

Embora alertando para o fato do artificialismo das classificações, Proença chama o estilo de GSV de barroco “resultante expressional de uma carga emotiva muito forte, cuja primeira consequência é o pendor enfático, irrepresável nos limites da linguagem comum. Daí, a busca de novas estruturas formais.” (70)

“Esse permanente dinamismo não raro conduz a linguagem à obscuridade, e sempre à assimetria, fazendo-a oscilar entre a altiloquência e o lúdico meramente encantatório.” (70)

Quando batizou seu primeiro livro de Saga (radical germânico) + Rana (ou Rã, sufixo tupi), “estava definindo um programa estilístico. Criava o seu vocábulo, sonoro e (71)
claro, sem preocupar-se com o veto gramatical aos hibridismos e proclamava sua adesão a um conceito de liberdade artística: daí por diante, utilizaria o instrumento que melhor transmitisse sua mensagem, sem indagar-lhe a origem ou a idade.” (72)

“Dessa liberdade resultam aproximações que causam estranheza – regionalismos vizinhando com latinismos, termos da língua oral e da linguagem castiça entrelaçando-se, contiguidades surpreendentes do português arcaico e de formas recém-nascidas, mal arrancadas do porão das latências idomáticas, a estrita semântica dos termos etimológicos e translações violentas, de impulso metafórico ou não.” (72)

(Continua, se os deuses forem bons 🙂 )

Bibliografia:

PROENÇA, Manuel Cavalcanti. (1958) Trilhas no Grande sertão. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional.