“A composição do romance repousa na seleção de um monólogo que introduz, ao nível da narração, uma dupla perspectiva, que é a do narrador-personagem. Este se move entre dois polos, narrando o vivido ou vivendo o narrado, conforme seja naquele passo predominantemente narrador ou personagem, sendo sempre ambos. São essenciais para o narrador-personagem duas defi- (12)
nições de si mesmo, que são as duas linhas de seu destino: a que fez dele um letrado irrealizado e a que o tornou um jagunço. Como letrado é que tenta a empreita de transpor seu passado em texto, um passado de jagunço, em que o letrado se frustrou. É assim que o texto se constrói ao mesmo tempo como narração e como reflexão sobre o que é o texto.” (13)