“É possível, e fácil, ver no jagunço uma força do mal, um delinquente aquém dos requisitos da humanidade. Também é possível, e sedutor, ver nele um herói, um revolucionário, um Robin Hood caboclo. O problema é que essas duas visões são contraditórias e erigem-se em impasse.” (18)
Euclides da Cunha já havia se defrontado com este problema do sertanejo e osciladoentre a admiração pelo tipo humano geral (18)
(‘antes de tudo, um forte’) e os sertanejos concretos, em que “essa admiração aparece mesclada de repulsa”. (19)
É assim que acaba por recorrer à ambiguidade para descrever Antônio Conselheiro:
‘Parou aí, indefinidamente, nas fronteiras oscilantes da loucura, nessa zona mental onde se confundem facínoras e heróis, reformadores brilhantes e aleijões tacanhos, e se acotovelam gênios e degenerados.’” (19)
Bibliografia:
GALVÃO, Walnice Nogueira.
(1972) As formas do falso. Um estudo sobre a ambiguidade no Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Editora Perspectiva.