/ROSIANA 075 – O primeiro nível: a tradição letrada que faz a analogia entre jagunço e cavaleiro andante, entre sertão e mundo medieval

ROSIANA 075 – O primeiro nível: a tradição letrada que faz a analogia entre jagunço e cavaleiro andante, entre sertão e mundo medieval

“Como passo inicial, importa distinguir dois níveis. O primeiro é o da tradição letrada, que, em estudos, crônica, história e ficção, pratica a analogia entre jagunço e cavaleiro andante, latifúndio e feudo, coronel e senhor feudal, sertão e mundo medieval. Essa é uma velha tradição em nossas letras, que força uma semelhança nobilitadora e minimiza a necessidade de estudar o fenômeno naquilo que tem de específico.” (52)
P.ex. Euclides da Cunha, Pedro Calmon, Gustavo Barroso, Wilson Lins, Luís da Câmara Cascudo (52-56)
e também ficcionistas como Franklin Távora, que chama o Cabeleira de ‘Cid ou Robin Hood pernambucano’, Afonso Arinos (Os Jagunços) (56)
Manoel Oliveira Paiva (Dona Guidinha do Poço) (57)
“Estes poucos exemplos literários, todos ainda do século XIX e do início das manifestações regionalistas, que culminarão no romance de 30, servem para dar uma ideia da questão (…) esta representação atravessa de ponta a ponta a ficção regionalista. A obra de José Lins do Rego e de Jorge Amado está inçada de casos semelhantes. Quanto a Graciliano Ramos, lembro apenas que Vidas Secas, em sua espantosa desideologização da linguagem e em sua pesquisa da posição ontológica do sertanejo pobre no mundo contemporâneo, nem uma só vez incorre nisso.” (57)
GALVÃO, Walnice Nogueira.
(1972) As formas do falso. Um estudo sobre a ambiguidade no Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Editora Perspectiva. pp. 52-57.