“Voltando à História: as crônicas do sertão, e particularmente da região do São Francisco, fornecem muito material ao escritor. Seja nos resumos que faz, citando nomes e topônimos, das proezas sangrentas dos coronéis daquela zona; proezas que cobriram o Império e a República Velha, e das quais o enredo do livro é um desenvolvimento. Seja, e isto sim muito mais importante, no aproveitamento de padrões correntes de vária natureza, ligados à jagunçagem, mas que não são cópia e sim incorporação imposta pelo compromisso do romance com a realidade. No sertão como no Grande Sertão: Veredas, é costume chamar os chefiados pelo coletivo derivado do nome do chefe – os ramiros, os medeiro-vazes, os zé-bebelos” (…) “A renomeação do jagunço é habitual” e por vezes é alusão à excelência do tiro (66)
como no caso de Lampeão (quando atirava tudo clareava em volta) e de Cerzidor, Tatarana e Urutu Branco, codinomes de Riobaldo. O Liso do Sussuarão é chamado de um raso, o que lembra o Raso da Catarina “deserto inóspito e temido na Bahia, tradicional esconderijo de jagunços, onde Lampeão passou muito tempo com seu bando a fugir da perseguição. Até mesmo o zurrar do jumento como sinal combinado de ordens em batalha está registrado nas crônicas. E mulheres-jagunço, houve-as; mas Diadorim lembra mais a donzela guerreira dos velhos romances portugueses. Finalmente, neste rol sumário, assinalo que a lenda do pacto com o Diabo e do corpo fechado é uma das mais caras tradições do sertão e se aplicou a todos os jagunços famosos.” (67)