I – PÓS-MODERNIDADE OU MODERNIDADE RADICALIZADA ?
– No senso comum, PM liga-se (GIDDENS,1991:52) a “nítida disparidade do passado”; à idéia de que “nada pode ser conhecido com certeza”; “a ‘história’ é destituída de teologia”; “nenhuma noção de progresso”, “nova agenda social e política”: ecologia e novos movimentos sociais.
– GIDDENS(1991:11) propõe a seguinte definição de modernidade: ” ‘modernidade’ refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência.”
II – AS PRINCIPAIS RUPTURAS TRAZIDAS PELA MODERNIDADE:
A – ritmo da mudança (dinamismo)
B – escopo da mudança (diferentes estruturas de vida)
C – natureza intrínseca das instituições modernas
A – Fontes do dinamismo da modernidade:
– “separação tempo – espaço”
– desenvolvimento de mecanismos de desencaixe (criação de fichas simbólicas e desenvolvimento de sistemas peritos)
– apropriação reflexiva do conhecimento
Definições importantes: – Desencaixe (p.29): “‘deslocamento’ das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço”
– Fichas simbólicas (p.30): “meios de intercâmbio que podem ser ‘circulados’ sem ter em vista as características específicas dos indivíduos ou grupos que lidam com eles em qualquer conjuntura particular”
– Sistemas peritos (p.35): “sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que vivemos hoje; isto envolve a “fé” nestes tipos específicos de conhecimento, mais do que em pessoas ”
– Reflexividade (p.45): “as práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre estas próprias ‘práticas’, alterando assim constitutivamente seu caráter.”
III – A DISTINÇÃO ENTRE “LUGAR” & “LOCAL” ” (GIDDENS,1991:26-27) ”
‘Lugar’ é melhor conceitualizado por meio da idéia de localidade, que se refere ao cenário físico da atividade social como situado geograficamente. Nas sociedades pré-modernas, espaço e tempo coincidem amplamente, na medida em que as dimensões espaciais da vida social são, para a maioria da população, e para quase todos os efeitos, dominada pela ‘presença’ – por atividades localizadas. O advento da modernidade arranca crescentemente o espaço do tempo fomentando relações entre outros ‘ausentes’, localmente distantes de qualquer situação dada ou interação face a face. Em condições de modernidade, o lugar se torna cada vez mais fantasmagórico: isto é, os locais são completamente penetrados e moldados em termos de influências sociais bem distantes deles. O que estrutura o local não é simplesmente o que está presente na cena; a ‘forma visível’ do local oculta as relações distantes que determinam a sua própria natureza.”
IV – DEFINIÇÃO DE GLOBALIZAÇÃO (GIDDENS,1991:69):
“Na era moderna, o nível de distanciamento tempo-espaço é muito maior do que em qualquer período precedente, e as relações entre formas sociais e eventos locais e distantes se tornam correspondentemente ‘alongadas’. A globalização se refere essencialmente a esse processo de alongamento, na medida em que as modalidades de conexão entre diferentes regiões ou contextos sociais se enredaram na superfície da Terra como um todo. A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa.” (…) “… quem quer que estude as cidades hoje em dia, em qualquer parte do mundo, está ciente de que o que ocorre numa vizinhança local tende a ser influenciado por fatores – tais como dinheiro mundial e mercados de bens – operando a uma distância da vizinhança em questão. O resultado não é necessariamente, ou mesmo usualmente, um conjunto generalizado de mudanças atuando numa direção uniforme, mas consiste em tendências mutuamente opostas. A prosperidade crescente de uma área urbana em Singapura pode ter suas causas relacionadas, via uma complicada rede de laços econômicos globais, ao empobrecimento de uma vizinhança em Pittsburg cujos produtos locais não são competitivos nos mercados mundiais.”
Bibliografia :
GIDDENS,Anthony [1991] As consequências da modernidade. S.Paulo:Unesp.2.ed.