/Benedito NUNES – A interpenetração das imagens de Otacília e Nhorinhá

Benedito NUNES – A interpenetração das imagens de Otacília e Nhorinhá

“Mas – repare-se – nos desfios das recordações do jagunço, as duas imagens, embora sem perder os atributos que lhes pertencem, vão, pouco a pouco, se interpenetrando, uma produzindo a lembrança da outra, e, nesse intercâmbio, enriquecem-se mutuamente. Uma mesma flor branca, que parecia um lírio, a ‘Casa-comigo’ dos namorados – evoca essas figuras femininas tão díspares:

‘Indaguei o nome da flor.

– ‘Casa-comigo…‘ Otacília baixinho me atendeu. […] Consoante, outras, as mulheres livres, dadas, respondem: ‘Dorme-comigo…‘ Assim era que devia de haver de ter de me dizer aquela linda moça Nhorinhá, filha de Ana Duzuza, nos Gerais confins; e que também gostou de mim e eu dela gostei.”

Benedito Nunes. A Rosa o que é de Rosa: literatura e filosofia em Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: DIFEL, 2013. pp. 40-41.