Começa então uma peregrinação pelas inúmeras igrejas de Medellin, o velho e seu “Anjo exterminador que havia descido sobre Medellin para exterminar a sua raça perversa.” O motorista de táxi que não atendeu ao pedido de baixar o rádio, muito pelo contrário, aumentando o volume, recebe o beijo da morte pelas mãos certeiras de Alexis. O vizinho hippie que incomodava? Tem o mesmo destino. E assim muitos outros. O tom do narrador, todavia, evita que tenhamos somente um banho de sangue. O que ele faz é criticar a Colombia de alto a baixo, mas sempre com humor negro, do qual não escapam nem mesmo os sociólogos que estudam a violência:

“E a morte é uma obsessiva colaboradora. Não descansa. Nem segunda nem terça nem quarta nem quinta nem sexta nem sábados e domingos, festas civis e feriados, dias do Pai, da Mãe, da Amizade, do Trabalho… Do trabalho, caralho, nem esse descansa! Mas trabalhando assim, com tanto tesão, sem criar novas fontes de emprego diminui o desemprego que aqui, segundo dizem os tanatólogos, é o que traz mais violência. Ou seja, quanto mais mortos, menos mortos. Minha senhora Morte, pois, minha dona, a paradoxal, é que aqui se necessita.”

Não dá para simpatizar com o narrador. Mas dá para rir bastante e pensar muito.