LENDO COM PRAZER # 007
TEORIA GERAL DO ESQUECIMENTO, José Eduardo Agualusa
Angola, 1975, ano da revolução. Violência e esperança. Agualusa constrói com muita habilidade narrativa, poesia e uma espécie de realismo mágico africano, um grande labirinto de destinos entrecruzados. Uma portuguesa que ergue uma parede a separar seu apartamento do mundo, ou pelo menos a tentar fazer isso. Um grupo de meninos abandonados a viver nas ruas. Um inflexível e cruel membro da polícia política mas que acaba morrendo por amor. Um ex-preso político que enriquece ao comer um pombo para saciar a fome. O escritor francês que é mordido por uma cobra por engano e desaparece feito fumaça. O menino de sete anos que ensina a velha senhora a abraçar novamente. Filho de uma enfermeira que é morta por impedir o comércio de cadáveres para os quimbandeiros e seus feitiços. Essas e muitas outras histórias são muito bem entrelaçadas em Teoria Geral do Esquecimento.
Depois de uma sangrenta e dolorosa guerra civil, percebe-se que Agualusa propõe um olhar de humana compaixão por todos os envolvidos nessa tragédia. Não há atos gratuitos, tudo se explica pela história de cada um, por sua vez imersa na história do país e de uma cidade, Luanda, da qual diz uma personagem: “Tenho visto nesta cidade o que não cabe em sonhos.” Mas cabe neste livro ímpar, que reafirma o poder da ficção para pensar e repensar o mundo.