/O NÚMERO MÁGICO DE GUIMARÃES ROSA

O NÚMERO MÁGICO DE GUIMARÃES ROSA

Como todos sabem, Rosa era um místico. Em sua obra o número 7 tem um lugar de destaque. Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, Nhô Augusto repete sete vezes que vai ter sua hora e vez e acaba tendo, em grande estilo.
Em Grande sertão: veredas, Riobaldo, cheio de culpa e remorsos afirma: “me confessei com sete padres, acertei sete absolvições”. Quando quer elogiar a coragem de Zé Bebelo diz que “era do duro, sete punhais de sete aços”. E para apontar o domínio que as palavras de Diadorim tinham sobre ele, afirma: “qualquer coisa que ele falasse, para mim virava sete vezes.” Aliás, Riobaldo nota que primeiro Diadorim “mandava suave”, mas se não fosse obedecido ordenava “com as sete-pedras”. Refletindo sobre seu destino e tudo de inesperado que lhe acontecera, o agora velho fazendeiro Riobaldo sintetiza: “A vida da gente faz sete voltas.”
Em termos esotéricos, o sete é o número-rei. Deus criou o mundo em sete dias, aí incluído um de descanso que ninguém é de ferro. Sete são as virtudes, mas também os pecados. O Pai-Nosso tem sete pedidos e sete eram os tons da música gregoriana. Também na Cabala e na alquimia o sete é fundamental.
Mas, sobretudo, o sete simboliza a perfeição desde a Idade Média. Por ser a soma da matéria, encarnada nos quatro elementos (Água, Terra, Fogo e Ar), com o espírito, no caso a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).