Leituras de Rosa – Trilhas no Grande sertão – Manuel Cavalcanti Proença 1958 – parte 3 –
Capítulo 2: Don Riobaldo do Urucúia, cavaleiro dos campos gerais
No Capítulo II, Cavalcanti Proença começa classificando GSV como uma epopéia. (13) Apesar de abrir mão de uma argumentação mais copiosa e abrangente, assinala alguns elementos que apoiariam a sua hipótese.
Temos, por exemplo: “A intercalação de episódios convergentes com a ação principal, mas de função adjuntiva, podendo adquirir independência formal, aparece frequentemente (13);
desde logo, podem ser enumerados o do Aleixo, com os três filhos cegos, o do Joé Cazuzo, com visões sobrenaturais em pleno combate, o de Andalécio e Antonio Dó atacando o porto de São Francisco.” (14)
Estes episódios entremeando os contos – característica de um estilo épico – aparecem em grande número em contos e novelas de Guimarães Rosa. No caso do GSV, o episódio de Maria Mutema “é um verdadeiro conto incrustado no corpo do romance, como processo de reter o desenvolvimento da ação, prolongando o interesse da narrativa.” (14)
O julgamento de Zé Bebelo é para Proença “o ponto nodal”; a morte de Joca Ramiro “desata novamente a ação”, “que, daí por diante, se desencadeia, em plano diferente, até a morte de Diadorim”. Proença crê que temos aqui como tema, “material de filiação popular” (14)
O argumento central é que a própria figura do “cangaceiro”, “como herói de poesia narrativa sertaneja, é assunto pacífico entre folcloristas, e o paralelismo com as epopéias medievais e seu sucedâneo – o romance de cavalaria, já tem sido apontado” (15)
Bibliografia:
PROENÇA, Manuel Cavalcanti. (1958) Trilhas no Grande sertão. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional.