/ROSIANA 067 – A imensa massa de sujeitos disponíveis em suas “existências avulsas”

ROSIANA 067 – A imensa massa de sujeitos disponíveis em suas “existências avulsas”

‘Jagunço é isso. Jagunço não se escabreia com perda nem derrota – quase que tudo para ele é o igual. Nunca vi. Para ele a vida já está assentada: comer, beber, apreciar mulher, brigar, e o fim final’ (GSV)
“Livre, e por isso mesmo dependente. Sem ter nada de seu, e por isso mesmo servidor pessoal de quem tem. Inconsciente de seu destino, e por isso mesmo tendo seu destino totalmente determinado por outrem. Sem causas a defender, e por isso mesmo usado para defender causas (41) alheias. Avulso e móvel, e por isso mesmo chefiado autoritariamente e fixado em sua posição de instrumento. Posto em disponibilidade pela organização econômica, que não necessita de sua força de trabalho, e por isso mesmo encontrando quem dele disponha, para outras tarefas que não as da produção. Tal é a condição dessa imensa massa de sujeitos disponíveis em suas ‘existências avulsas’, que estavam aí para serem usados, e que o foram, ao longo de toda a história brasileira.” (42)
“esta prestação de serviços pode ir até o crime, que nada mais é do que uma das muitas obrigações devidas ao protetor” (42)
Bibliografia:
GALVÃO, Walnice Nogueira.
(1972) As formas do falso. Um estudo sobre a ambiguidade no Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Editora Perspectiva. pp. 41-42.