A paixão pelo futebol representava para Pasolini a paixão pelo real:
“Acresce ainda que esse viés estético-analítico, no caso de Pasolini, é inseparável de sua paixão pelo esporte, do sentimento de sua impregnação pela vida e do modo como ele testemunha as relações humanas. A sua paixão pelo futebol é uma paixão do real, sem afetações ou restrições moralistas. O futebol era para ele o terreno em que se dava ainda o grande teatro e o rito da presença, expondo ao vivo, em corpo e em espírito, um largo espectro da escala humana. Sendo assim, uma zona de contatos lúdicos, primária e refinada, física e metafísica, que desafia e desencadeia o desnudamento da existência autêntica.”
José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.