“Desde já, então, o rumo do nosso argumento vai contra a visão simplificadora e conspiratória de que o futebol se resume aos seus bastidores empresariais, se reduz à sua manipulação publicitária e a seus efeitos espetacularizantes. Essa visão pretende captar a verdade do jogo real, para além das aparências, mas tende a ser uma visão de fora que aplica ao futebol, desprezando as suas particularidades, a crítica já pronta da indústria cultural e da sociedade do espetáculo – que nele chegaram, de fato, a uma expressão extremada, como em quase tudo. Mas o lugar muito especial do futebol no mundo contemporâneo acaba por exigir uma leitura específica, a ser inventada.”
José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.