Em sua coluna da Folha de hoje, novamente PVC elogia o sucesso da Premier League e critica a corrupção da Football League, entidade que geria as quatro primeiras divisões do futebol inglês até o golpe separatista ilegal que criou a Premier League. PVC ignora a corrupção da Premier League:
1. O fato dela ser a maior lavanderia de dinheiro sujo a céu aberto do mundo; e não é pouco dinheiro…
2. Que muitos dos donos de clubes são criminosos, mafiosos bilionários que compram fama e credibilidade ao se tornarem donos de centenários clubes ingleses, como Roman Abramovich do Chelsea, por exemplo.
3. Que nem mesmo no interior da PL há uma divisão igualitária dos bilionários recursos provenientes da televisão, acirrando as desigualdades entre os “grandes” e o “resto”, em um modelo que tende a concentrar prêmios e títulos em um círculo vicioso. Os clubes mais ricos compram melhores jogadores, obtém melhores resultados, participam da Champions, obtém mais recursos…
4. Que a PL enfraqueceu e não fortaleceu o futebol inglês como um todo e virou um sorvedouro dos melhores jogadores do mundo todo, fazendo com que outros países virem somente fornecedores de pés-de-obra, agora contratados com 15, 16 anos, apenas esperando a idade legal para poderem jogar nos clubes da PL. Se o futebol mundial for visto como um sistema, a PL não é um sucesso, é um câncer.
A visão de Paulo Vinicius Coelho acerca da PL é de um liberalismo tacanho que ignora tudo (tradições, torcida, cultura) que não seja o lucro e o “sucesso”. A poderosa reação torcedora ao projeto da Superliga rechaçou essa perspectiva.
Tá bom ou quer mais, PVC?
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Marcos Alvito – autor de A rainha de chuteiras: um ano de futebol na Inglaterra