Quando havia uma aliança entre senhores, os jagunços ainda continuavam sendo liderados por seu chefe, não havia fusão e sim superposição das tropas, cada um obedecia ao seu capitão. “Cada chefe – fazendeiro e home de posses – entra com um contingente de homens dele, no que Riobaldo vê um arranjo semelhante a ‘governo de um bando de bichos’ “(43)
“Cada fazendeiro com seus chefiados, em guerra privada: a unidade econômica mínima é também a unidade mínima do poder político no Brasil rural. Célula econômica com sua própria força armada, vai desembocar necessariamente na disputa do poder político. Na passagem da colônia para país independente, com a criação formal de um quadro de instituições para o exercício eleitoral-representativo do poder político, tais células entraram intactas nesse quadro. Não houve alteração do sistema de poder efetivo, houve apenas um ajustamento dele aos quadros formais então criados. Cada célula significa um dado número de votos; da aliança entre os senhores locais é que resulta, inflexivelmente, a eleição do candidato escolhido em combinação com os partidos, de quem eles são a expressão local.” (44)
GALVÃO, Walnice Nogueira.
(1972) As formas do falso. Um estudo sobre a ambiguidade no Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Editora Perspectiva. pp. 43-44.