No mundo em que vivemos, o futebol se tornou uma espécie de língua geral e está relacionado a diversas questões:
“Não é sem razão que o campo de problematização do futebol tenha crescido no mundo todo, nos últimos tempos. Como desconhecer que ele se tornou uma espécie de língua geral que coloca em contato as populações de todos os continentes; como encarar o fato de que essas populações não só o consomem, mas, diferentemente da relação passiva igualmente implicada nas relações consumistas, que substituíram as relações locais, também o praticam; como avaliar o imbroglio da sua mercantilização massiva e os lampejos de sua profunda inserção nas experiências coletivas; como não ver que nele está cifrado o embate da economia com a cultura, e alguns dos nós cruciais do nosso tempo; como desvendar as suas enigmáticas e ambivalentes relações com a violência, que o jogo ao mesmo tempo aplaca e provoca; como ele chegou a tal ponto de saturação?”
José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.