“Fica claro – embora não o fosse na década de 1960, quando comecei a coletar esses dados – que temos de retirar a venda das esposas da categoria de uma brutal venda de gado e colocá-la na do divórcio seguido de novo casamento. Isso ainda pode despertar expectativas impróprias, pois o que está envolvido é troca de uma mulher entre dois homens num ritual que humilha a mulher tratando-a como um animal. Mas o simbolismo não pode ser interpretado apenas dessa maneira, pois a importância da publicidade na praça do mercado e da ‘entrega’ por uma corda também introduz nas evidências assim fornecidas o fato de que todos os três interessados concordavam com a troca.”
E.P. THOMPSON. “A venda de esposas” In: Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p.323.