/ROUSSO – A história da memória na França tem sido a história das feridas da memória

ROUSSO – A história da memória na França tem sido a história das feridas da memória

A história da memória na França tem sido a história das feridas da memória

Definição de história da memória (apud Favret-Saada. “Sale Histoire”): ‘uma pesquisa sobre a representação autóctone de fatos passados e de sua evolução cronológica’

Na França, esse campo relativamente novo do historiador ainda não foi totalmente explorado, e os trabalhos nessa área não raro se atêm a preocupações demasiado contemporâneas, seja por causa da pressão exercida pela demanda social, seja porque os historiadores não podem furtar-se à atualidade do passado que lhes compete decifrar. Assim, a história da memória tem sido sempre uma história das feridas abertas pela memória, não sendo no fundo senão uma manifestação, entre outras, das interrogações atuais e palpitantes sobre certos períodos que ‘não passam’: se admitirmos que a história dos historiadores é apenas uma das formas de expressão da memória coletiva, apenas um dos vetores pelos quais se transmite e se reconstrói o passado, então não admira que a história da memória seja antes de tudo uma manifestação da memória coletiva, no contexto um pouco confuso, da perda de referências dos anos 80-90.”

(…)

a maioria dos trabalhos publicados de uns anos prá cá buscou sobretudo compreender a memória de um acontecimento notável, destacando-se aí a Grande Guerra, a guerra da Argélia e principalmente a II Guerra Mundial e o nazismo (é talvez neste campo que a historiografia estrangeira e francesa é mais abundante), sem esquecer a Revolução Francesa.”

(páginas 96-97)

ROUSSO,Henri. “A memória não é mais o que era” In: MORAES,M. & AMADO,J. (Orgs.) Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV,1998.2.ed.