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POLLAK – O trabalho da própria memória em si

O trabalho da própria memória em si

De manutenção, coerência, unidade, continuidade, organização

Que rende “juros”

p.206 : “cada vez que uma memória está relativamente constituída, ela efetua um trabalho de manutenção, de coerência, de unidade, de continuidade, da organização.”

Por exemplo: “a partir do momento em que o Partido Comunista amarrou bem a sua história e a sua memória, essa mesma memória passou a trabalhar por si só, a influir na organização, nas gerações futuras de quadros; os investimentos do passado, por assim dizer, renderam juros.”

Isso fica claro quando, havendo uma reorganização interna, uma reorientação ideológica importante, é preciso reescrever a história do partido e a história geral.

Tais momentos não ocorrem à toa, são objeto de investimentos extremamente custosos em termos políticos e em termos de coerência, de unidade, e portanto de identidade da organização. Como sabemos, é nesses momentos que ocorrem as cisões e a criação, sobre um fundo heterogêneo de memória, ou de fidelidade à memória antiga, de novos agrupamentos.”

(página 206)

[deve ter ocorrido, p.ex. quando da cisão do PCB e PC do B; um exemplo muito conhecido é o da URSS com seus expurgos que se estendiam às fotografias]

In: POLLAK,Michael. “Memória e identidade social”, Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.5, n.10,1992, pp.200-215.