“Na prática, a nova sociedade operou não pela destruição maciça de tudo que herdara da velha sociedade, mas adaptando seletivamente a herança do passado para uso próprio. Não há ‘enigma sociológico’ na disposição da sociedade burguesa de introduzir ‘um individualismo radical na economia e […] despedaçara todas as relações sociais ao fazê-lo’ (isto é, sempre que atrapalhassem), temendo ao mesmo tempo o ‘individualismo experimental radical’ na cultura (ou no campo do comportamento e da moralidade) (Daniel Bell, 1976, p.18). A maneira mais eficaz de construir uma economia industrial baseada na empresa privada era combiná-la com motivações que nada tivessem a ver com a lógica do livre mercado – por exemplo com a ética protestante; com a abstenção da satisfação imediata; com a ética do trabalho árduo; com a noção de dever e confiança familiar; mas decerto não com a antinômica rebelião dos indivíduos.”
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