“Sempre se pode encontrar, no passado de cada sociedade, um amplo repertório destes elementos; e sempre há uma linguagem elaborada, composta de práticas e comunicações simbólicas. Às vezes, as novas tradições podem ser prontamente enxertadas nas velhas; outras vezes podiam ser inventadas com empréstimos fornecidos pelos depósitos bem supridos do ritual, simbolismo e princípios morais oficiais – religião e pompa principesca, folclore e maçonaria (que por sua vez é uma tradição inventada mais antiga, de grande poder simbólico).”
Ex: “o desenvolvimento do nacionalismo suiço, concomitante à formação do Estado federal moderno no século XIX, foi brilhantemente analisado por Rudolf Braun (…) As práticas tradicionais existentes – canções folclóricas, campeonatos de ginástica e de tiro ao alvo – foram modificadas, ritualizadas e institucionalizadas para servir a novos propósitos nacionais. Às canções folclóricas tradicionais acrescentaram-se novas canções na mesma língua, muitas vezes compostas por mestres-escola e transferidas para um repertório coral de conteúdo patriótico progressista (‘Nation, Nation, wie voll klingt der Ton’), embora incorporando também da hinologia religiosa elementos poderosos sob o aspecto ritual (…).”
(…)
“Desenvolveu-se um conjunto de rituais bastante eficaz em torno dessas ocasiões: pavilhões para os festivais, mastros para as bandeiras, templos para as oferendas, procissões, toques de sinetas, painéis, salvas de tiros de canhão, envio de delegações do Governo aos festivais, jantares, brindes e discursos. Houve adaptações de outros elementos antigos:
Nesta nova arquitetura dos festivais são inconfundíveis os resquícios das formas barrocas de comemoração, exibição e pompa. E como nas comemorações barrocas o Estado e a Igreja mesclavam-se num plano mais alto, surge também um amálgama de elementos religiosos e patrióticos nestas novas formas de atividade musical e física.”
(páginas 14 e 15)