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Lévi-Strauss

 

“A minha carreira foi decidida num domingo de Outono de 1934, às nove da manhã, com um telefonema. Era Célestin Bouglé, então diretor da Escola Normal Superior; tratava-me desde há alguns anos com uma boa vontade um pouco distante e reticente: em primeiro lugar porque eu não era um antigo aluno da sua escola; em segundo lugar e sobretudo porque, mesmo que o tivesse sido, não pertencia ao seu séquito em relação ao qual manifestava sentimentos muito exclusivos. Certamente tinha-lhe sido impossível fazer outra escolha, pois perguntou-me de forma abrupta: ‘Continua a sentir o desejo de se dedicar à etnografia? – Sem dúvida! – Então apresente a sua candidatura como professor de Sociologia da Universidade de São Paulo. Os arredores estão cheios de Índios, poderá dedicar-lhes os seus fins-de-semana. Mas tem de dar uma resposta definitiva a Georges Dumas até ao meio-dia.'”

Claude Lévi-Strauss. Tristes Trópicos. Lisboa: Edições 70, 1981. p.41.