“Outros investigadores tomaram, entretanto, pela mesma altura, uma atitude muito diferente. Não conseguindo inserir a história nos quadros do legalismo físico, particularmente preocupados, ainda por cima, em virtude da sua educação de origem, com as dificuldades, as dúvidas, as revisões frequentes da crítica do documento, foram buscar a essas verificações, antes de mais, uma lição de humildade desiludida. A disciplina a que dedicavam os seus talentos não lhes pareceu, ao fim de contas, capaz nem, no presente, de conclusões seguras, nem, no futuro, de boas perspectivas de progresso. Propenderam a ver nela, em vez de um conhecimento verdadeiramente científico, uma espécie de jogo estético ou, pelo menos, de exercício de higiene favorável à saúde do espírito. Chamaram-lhes, às vezes, ‘historiadores historizantes’: alcunha injuriosa para a nossa corporação, pois parece reduzir a essência da história à negação das suas possibilidades.”
Marc Bloch. Introdução à História. Lisboa: Europa-América, 1976. pp. 20-21.