/Paul Gilroy

Paul Gilroy

 

“As extraordinárias conquistas musicais do Atlântico negro exemplificam largamente este ponto. É com elas que a utopia do sublime escravo* ganha um corpo verdadeiro. Sou testemunha disso, na medida em que a trilha sonora de minha juventude foi enriquecida pelas vozes exiladas dos tropicalistas que seguiram os passos de Nabuco na Europa. Meu próprio mundo atlântico triangulou momentaneamente pelas assinaturas sônicas de Raul de Souza, Fred Wesley e Rico Rodriguez, que nos levavam ao Rio, a Chigago e a Kingston.

* (N. do R.) O conceito de sublime escravo (slave sublime) é de autoria de Gilroy. Refere-se às discussões anteriores sobre o sublime, e, mais especificamente, à combinação de dor e prazer que o autor considera uma característica distintiva dos modos de comunicação próprios das culturas construídas pelos escravos e seus descendentes.”

GILROY,Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2001.